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Local: Garuva, SC, Brazil

Professor de História concursado e lotado na Escola Municipal Vicente Vieira, em Garuva-SC. Policial Militar desde agosto de 1989, atualmente está destacado na PM de Garuva. Historiador formado pela UNIASSELVI e Pós-graduado em História Cultural pela FACEL de Curitiba-PR. Casado com Viviani, Pai do Giovanni e da Fernanda. Um Garuvense Feliz e Realizado!

domingo, 16 de agosto de 2009

A BIBLIOTECA DE GARUVA

CRUZ E SOUSA,
A BIBLIOTECA PÚBLICA DE GARUA

Edevânio Francisconi Arceno
Prof. Marcos Neotti
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Licenciatura/ História (HID 0771) – História Regional
07/04/09

RESUMO

Na cidade de Garuva, Santa Catarina temos uma Biblioteca Pública com nome de Cruz e Sousa, uma homenagem ao poeta catarinense, nascido em Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis. Foi criada em 24 de outubro de 1973 na gestão do Prefeito Darci Pereira da Costa. Assim como a história confusa que levou a criação da primeira biblioteca brasileira, a Biblioteca Municipal Cruz e Sousa também passou por muitas catástrofes e certa vez ficou esquecida às margens de um cais chamado desdém. Apesar de tudo, ela sempre contou com o apoio de fiéis leitores e freqüentadores, que atualmente estão vibrando com os novos rumos que estão se delineando na vida desta quase quarentona. Relataremos as fases desta verdadeira saga pela sobrevivência e seus principais contratempos. Não esperamos exaurir o assunto neste trabalho, porém almejamos despertar o interesse e instigar nossos leitores a freqüentar e reconhecer a importância em zelar por nossas bibliotecas públicas, que refletem a cultura, a educação e o respeito ao conhecimento, do povo que a mantém.


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Palavras-chave: Mudanças; Filhos; Esperança.


1 INTRODUÇÃO
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Quando as tropas francesas comandada pelo General Junot chegaram à Lisboa em novembro de 1807, avistaram as naus portuguesas entrando no Atlântico levando toda família real e sua corte, que transportavam arcas e baús repletos de preciosidades. Porém um dos maiores tesouros portugueses ficou esquecido no cais do porto, a Real Biblioteca da Ajuda.

Caixas e mais caixas repletas de livros, mapas, gravuras e documentos da biblioteca real que havia sido restaurada depois do violento terremoto de 1755. O próprio rei Don José I, encarregou o Marquês de Pombal a refazer e reorganizar a biblioteca real adaptando-a em um dos cômodos do Palácio da Ajuda. Algo tão valoroso, esquecido no cais!

Depois de sua chegada, Don João VI fez questão de reaver a biblioteca real que foi trazida ao Brasil em três etapas. Assim em 29 de outubro de 1810 o príncipe regente fundou oficialmente a Biblioteca Nacional.

Com a volta de D. João VI e sua corte a Portugal em 1821, não foi apenas o príncipe herdeiro que ficou, a Biblioteca Nacional também ficou por aqui e hoje é segundo a UNESCO a sétima maior biblioteca do mundo e a primeira da América Latina.

Destacamos este princípio desastroso da mãe de todas as bibliotecas brasileira, para ilustrar nosso trabalho que contará fatos tão desastrosos quanto esses que permearam a história da nossa Biblioteca Pública Municipal Cruz e Sousa.

Como toda história, esta também está repleta de heróis e vilões, que se alternam como vencedores e vencidos. Acreditamos que este embate ainda continuará por algum tempo, porém somos brasileiros e não desistimos nunca, e com um jargão pra lá de conhecido terminaremos esta introdução dizendo que, embora sendo derrotados em muitas batalhas, nossa vitória é certa.

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Nobre guerreiro audaz entre os guerreiros,
Das Idéias as lanças sopesando,
Verás, a pouco e pouco, desfilando
Todos os teus desejos condoreiros...
(CRUZ e SOUSA, Sonhador. p 48).

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2 GENÊSIS
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O município de Garuva ainda era uma criança com quase dez anos de emancipação, quando o prefeito Darci Pereira da Costa sancionou em 24 de outubro de 1973, a lei nº. 60/73, que autorizava o chefe do executivo a criar a Biblioteca Pública Municipal.


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Em destaque o Prefeito Darci Pereira da Costa , Prefeito fundador da Biblioteca Fonte: Arquivo do NAES.

Art. 1º - Fica o chefe do poder executivo autorizado, a criar na sede do município, a Biblioteca Pública Municipal, a qual fica subordinada a administração dos responsáveis pela educação e Cultura do Município. (Art.1º da lei municipal de Garuva nº. 60/1973).NNNNN

O prefeito recebeu da Câmara Municipal, autorização para gastar com a implantação da Biblioteca a quantia de Cr$ 1.500,00 (Um mil e quinhentos cruzeiros). Também foi autorizado usar até a mesma quantia a título de gratificação na contratação de um funcionário para servir na referida Biblioteca.

A instituição foi registrada no MEC - Ministério de Educação e Cultura, Instituto Nacional do Livro, sob o número 15.864, em 26 de Dezembro de 1973. O chefe do executivo propôs a inclusão no orçamento de Dez salários mínimos para aquisição de livros.

Assim nasceu a Biblioteca Pública de Garuva, que foi instalada em uma sala nas dependências da Prefeitura Municipal. Recebeu o nome de Cruz e Sousa, uma homenagem ao poeta catarinense. Um presente à população do recém emancipado município.NN

Do sonho as mais azuis diafaneidades
Que fuljam, que na Estrofe se levantem
E as emoções, todas as castidades
Da alma do Verso, pelos versos cantem
(CRUZ e SOUSA, Antífona. p 29).


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3 O PATRONO, POR QUE CRUZ E SOUSA?
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João da Cruz e Sousa nasceu em Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, em 24 de novembro de 1861. Filho de pedreiro escravo e lavadeira escrava liberta, Cruz e Sousa foi educado por dona Clarinda Xavier de Sousa, esposa do marechal-de-campo Guilherme Xavier de Sousa

João da Cruz e Sousa ,Poeta Catarinense
Fonte: Internet


NNNNNNEstudou no Ateneu Provincial Catarinense, onde estudou durante cinco anos, Francês, Latim e Inglês. Também estudou Matemática e Ciências Naturais com naturalista alemão Fritz Muller, amigo e colaborador de Charles Darwin.Fundou o jornalzinho literário semanal, Colombo. Tornou-se escolanovista e começou a redigir a Tribuna Popular.O poeta Cruz e Sousa lutou contra o preconceito em virtude de sua cor e por muitas vezes teve de lutar para que seu trabalho fosse reconhecido. Por causa do preconceito, Cruz e Sousa foi impedido pelos políticos locais de assumir o cargo de Promotor de Laguna, indicação feita pelo seu amigo abolicionista e Presidente da Província de Santa Catarina, Dr. Francisco Luís da Gama Rosa.Em 1890 mudou-se definitivamente para o Rio de Janeiro, onde colaborou com a Revista Ilustrada e tornou-se arquivista da Central do Brasil. Logo depois conheceu e casou-se com Gavita Rosa Gonçalves, também negra. Em 1894 nasceu seu filho Raul, o primeiro dos seus quatro filhos.Com os lançamentos dos livros Missal e Broquéis, começou a ser reconhecido por outros escritores de renome, como por exemplo, Alphonsus de Guimaraens, que foi ao Rio de Janeiro especialmente para conhecê-lo.Depois de ser reconhecido pelas publicações de Evocações e Faróis, morreu de tuberculose no dia 19 de março de 1898 o mais eminente poeta catarinense e ícone brasileiro do Simbolismo, no Estado de Minas Gerais. O seu corpo foi para o Rio de Janeiro no dia seguinte, onde seu amigo José do Patrocínio cuidou do funeral.Mesmo morto o drama continuou na história de Cruz e Sousa. Gavita morreu em 13 de Setembro de 1901, do mesmo mal que havia vitimado Cruz e Sousa e seus filhos. João da Cruz e Sousa, o filho caçula morreu em 15 de fevereiro de 1915 também de tuberculose pulmonar. Deixou um filho que se tornou marinheiro e dele nasceu uma grande descendência de Cruz e Sousa no estado do Rio de Janeiro.Foi erguido um monumento em sua homenagem na atual praça XV de Novembro em Florianópolis em abril de 1923, porém o Busto foi destruído pela ação do tempo. Em 1943 o governador Nereu Ramos promoveu a construção do mausoléu.

Creio que por estas e muitas outras razões os educadores e autoridades do município de Garuva decidiram homenagear este ícone da literatura Brasileira. Que lutou através de ações e extravagâncias vocabulares, questionando o racismo, o preconceito e também o modelo literário da época.

As próprias mocidades e as infâncias
Das coisas têm um esplendor infindo
E as imortalidades e as distâncias
Estão sempre florindo e reflorindo.
(CRUZ e SOUSA, Luar de Lágrimas. p 205).


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4 A PRIMEIRA MUDANÇA
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A Biblioteca estava em pleno funcionamento. A população ainda que timidamente, começou a prestigiar o novo investimento cultural da Cidade. Livros foram sendo doados e outros adquiridos, enfim a biblioteca que era somente um anseio começou a tomar forma e crescer.

Passaram-se alguns anos e constatou-se que não foi apenas a Biblioteca que cresceu, o próprio município de Garuva cresceu e juntamente com ele a necessidade de reorganizar sua administração criando secretarias, gabinetes, seções, etc.

Prefeitura Municipal de Garuva;Primeiro Endereço da Biblioteca Pública
Fonte: Arquivo do NAES


O espaço físico da Prefeitura ficou pequeno demais, a necessidade de criar mais espaço, fez com que algumas secretarias fossem remanejadas de local, entre elas a Secretaria de Educação, que levou consigo a Biblioteca Municipal Cruz e Sousa, para um novo endereço da Avenida Celso Ramos, local onde atualmente se encontra o Fórum de Garuva.

Esta mudança foi maravilhosa, a Biblioteca enfim ganhou um espaço amplo e de fácil acesso à população, além disso, começou a oferecer cursos de datilografia e muitos outros que formaram muitos cidadãos e cidadãs garuvenses.

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Surges, talvez, do fundo de umas eras
De doloroso e turvo labirinto,
Quando se esgota o vinho das Quimeras
E os venenos românticos do absinto.
(CRUZ e SOUSA, Ângelus... p 79).

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5 A SEGUNDA MUDANÇA


Ficou difícil estudar e pesquisar na Biblioteca Pública de Garuva, tinha barulho de máquinas e caminhões trazendo materiais de construção. Como a Biblioteca estava instalada em uma casa de madeira, o entra e sai de material de construção, só podia significar uma coisa, obras.

Os indícios se confirmaram, veio a ordem da prefeitura para derrubar tudo, pois iria ser construído um novo prédio de alvenaria, estilo sobrado. Até que enfim! Viva a Cultura! Viva o povo que reconhece o valor da Leitura! Mas para onde vai a Biblioteca durante as obras?

A prefeitura tinha recentemente inaugurado no centro da cidade o mais novo orgulho garuvense, a Praça Pedro Ivo Campos, que foi considerada como uma das praças mais bonitas do Brasil. Nesta praça tinha um Coreto e este se tornou o mais novo endereço da Biblioteca Municipal Cruz e Sousa.

O lugar, apesar de ter fácil acesso não era muito indicado para se instalar uma Biblioteca. O Espaço físico tinha muitas infiltrações de água e umidade, devido à falta de cobertura adequada, que comprometeram em diferentes níveis muitos títulos e obras.

O novo prédio finalmente ficou pronto, nossa Biblioteca voltaria para o seu local restaurando sua auto-estima, porém houve mudanças de planos, e o novo prédio tornou-se endereço de vários setores da administração municipal, inclusive da Câmara de Vereadores, menos da nossa Biblioteca Cruz e Sousa.

Então o Coreto da praça com suas infiltrações, que seria uma sede provisória acomodaram em suas precárias estruturas a nossa desrespeitada Biblioteca Pública durante longos anos.

Inauguração da Praça Municipal de Garuva. Na foto cinco vereadores da época da esquerda para a direita: Seu AmaraL;Valdemar da CELESC;Dorval Raimundi;Afonso Pereira da Rocha e Ivan Palandi.
Fonte : Arquivo Pessoal de Dorval Raimundi

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Recorda mágoas, lágrimas e risos
E soluços e anseios...
Revive dos nevoeiros indecisos
E dos vãos devaneios.
(CRUZ e SOUSA. Recorda! p 96).


6 UM TESOURO ESQUECIDO


Segundo a mitologia Maia, a História é Cíclica, ou seja, ela sempre volta acontecer, iniciamos este trabalho, relatando que durante a fuga, a Coroa Portuguesa esqueceu no Cais do porto um de seus maiores tesouros, pois bem nós também abandonamos!

Por diversas razões a Biblioteca teve que mudar de endereço novamente, então a Prefeitura alugou um imóvel na Rua Carijós nº.275 no Bairro Geórgia Paula. Os livros foram colocados em várias caixas e transportados para o local.

Imovel do Bairro Georgia Paula, alugado pela Prefeitura para Biblioteca Pública em 2008.
Fonte : O Autor

Passaram-se os dias e a Biblioteca fechou suas portas e os livros ficaram lá da mesma forma que chegaram, dentro das caixas. Do mês de junho a novembro de 2007, a população garuvense ficou pela primeira vez, depois de trinta e três anos sem sua Biblioteca Pública. Um tesouro esquecido e enterrado por quase seis meses.

Será que nossa Biblioteca também foi amaldiçoada pelo trágico destino de seu patrono, morrerá também acometida pela tuberculose do descaso? Não, assim como Dom João, recuperou seu tesouro, o João daqui resolveu rever a situação e decidiu recuperar o brilho de uma pérola há tempos escondida.

Os livros foram libertados, os textos puderam ver novamente a luz do dia, encaixavam-se harmoniosamente um ao lado do outro em suas prateleiras. Até mesmo as prateleiras que freqüentemente emitiam sons de rangidos, desta vez estavam caladas e atônitas, como quem reencontrava alguém que há muito tempo não se via e que o silêncio era a melhor forma de dizer, que saudades!

Apesar da euforia a tristeza também fez parte deste momento, pois chegou à hora de reavaliar a situação e contar os feridos, como em todo combate, baixas são inevitáveis. Segundo uma das bibliotecárias, uma das obras mais valiosas do acervo, A Divina Comédia, obra prima de Dante Alighieri se perdeu devido a umidade, assim como muitas outras.

Mesmo assim, em janeiro de 2008, a Biblioteca Pública Cruz e Sousa reabriu suas portas à população garuvense, no já citado endereço da Rua Carijós. A Secretária de Educação passou a integrar as bibliotecárias aos demais funcionários da Educação. Elas começaram a participar das reuniões pedagógicas, onde criaram projetos de divulgação da referida Biblioteca.

Os projetos foram executados e divulgados através da rádio comunitária, visita às Escolas e distribuição de Cartazes fixados em locais públicos. A população momentaneamente correspondeu, aumentando assim o número de visitantes, demonstrando que os projetos são viáveis e apresentam resultados positivos.

Assim como uma Fênix, a Biblioteca de Garuva ressurge das caixas abandonadas e emboloradas, virando mais uma página de sua História, dando início a um novo capítulo.

Alma! Que tu não chores e não gemas,
Teu amor voltou agora.
Ei-lo que chega de mansões extremas,
Lá onde a loucura mora!
(CRUZ e SOUSA. Ressurreição. p 155).

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7 UMA SEGUNDA CHANCE

No início de 2009 a Secretaria de Educação anexou a Biblioteca Pública à Casa da Cultura, sob a coordenação da Sra. Maria de Fátima Malucelli que desde Fevereiro estão em novo endereço, na Avenida Celso Ramos nº.1449. O novo local é muito bem localizado, amplo, arejado e de excelente Iluminação.

Fachada da nova Biblioteca Pública Sousa e Cruz
Fonte: O Autor
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Fomos muito bem recebidos pela Coordenadora, professora aposentada pelo Estado do Paraná, Maria de Fátima que nos apresentou seus projetos tais como: a criação de uma Sala de Contação de História, Concursos de Poesias, Entrega domiciliar de livros para as pessoas previamente cadastradas e a informatização do Espaço com a aquisição de novos computadores. Segundo a Bibliotecária Eliane Genovez, o atual acervo da Biblioteca Cruz e Sousa contam com um número aproximadamente de onze mil títulos. Os títulos variam desde o clássico da autora Emily Bronte, O Morro dos Ventos Uivantes, de 1959 até Revistas em quadrinhos. Disse-nos ainda, que a Secretaria tem um projeto para novas aquisições de livros, porém não disse quando.

Após registrar nossa visita em um livro de presença, a Professora Bibliotecária Dejanir Maria Brandal, confessou-nos que está adorando o local e também percebeu a reação positiva dos visitantes. Disse que se sente motivada com os novos rumos da Biblioteca, e os resultados começaram a surgir devido ao aumento surpreendente do número de visitantes.

A nossa impressão foi a melhor possível, encontramos um espaço muito bem decorado com uma sala de recepção, sala de leitura, uma sala única e exclusiva para as estantes com os livros e demais dependências onde a professora Maria de Fátima ministra cursos à comunidade. A equipe pareceu-nos integrada no mesmo objetivo, resgatar a cultura e o reconhecimento da importância de um espaço como este à comunidade garuvense.sd

Para as Estrelas de cristais gelados
As ânsias e os desejos vão subindo,
Galgando azuis e siderais noivados
De nuvens brancas a amplidão vestindo...
(CRUZ e SOUSA. Siderações. p 31).

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8 A ÚLTIMA PALAVRA É DO LEITOR

Durante todo o trabalho destacamos a importância de se ter uma Biblioteca Pública e tudo mais, mas de que serviria se não houvesse quem a freqüentasse, afinal este é o objetivo, ninguém adquire conhecimento simplesmente por ter um livro, é necessário lê-lo.

Conversamos com dois assíduos freqüentadores da Biblioteca, leitores apaixonados que acompanharam as idas e vindas da nossa Cruz e Sousa. Quando questionados a respeito do novo local, foi só sorrisos, ambos acharam muito bom à mudança de ambiente. Um dos melhores locais e uma das bibliotecas mais aconchegante que já visitei, acrescentou João Valmir Neitzel, freqüentador da nossa Biblioteca desde que estava anexada a Prefeitura.
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João Valmir Neitzel e Família.
Fonte : O Autor

João adquiriu o hábito da leitura, através dos livros didáticos que sua mãe, a Professora Valéria, levava para casa. Dentre seus autores preferidos estão Vitor Hugo, João Guimarães Rosa e Jorge Amado. Outro entrevistado foi Gelásio Capingotto.

Gelásio gosta de livros filosóficos e históricos, seu autor preferido é o romancista existencialista russo, Fiódor Dostoievski, mas também gosta de ler outros tipos de literaturas, demonstrando um gosto bem eclético. Disse-nos que adquiriu o hábito de ler através dos gibis e nunca mais parou. Lamentou a triste realidade de nossas Escolas que não estimulam mais nossos alunos a conhecerem as maravilhas do mundo da leitura. Comparou a importância do Livro à descoberta do Fogo, referindo-se ao mundo de possibilidades depois de compreender e desvendar seus segredos.

Como podemos perceber a nossa quase quarentona Biblioteca Cruz e Sousa, concebeu com o passar dos anos muitos filhos e filhas, assim como João e Gelásio, existem muitos outros filhos da leitura e passageiros da fantasia, que por diversas vezes encontraram nesta Biblioteca, asas para seus sonhos.

Ao mesmo tempo suave e ao mesmo tempo estranho
O aspecto do meu filho assim meigo dormindo...
Vem dele tal frescura e tal sonho tamanho
Que eu nem mesmo já sei tudo que vou sentindo.
(CRUZ e SOUSA. Siderações. p 31).


9 CONCLUSÃO

Quando iniciamos a matéria sobre História Regional, não entendíamos porque tanto alarde, seminários e conferências a respeito do assunto. Porém ao iniciar este trabalho, sentimos na pele as dificuldades de realizar nossa pesquisa de forma mais profunda e substanciosa, devido à ausência de materiais e documentos a respeito do tema.

Concordamos que são de suma importância a inserção e intensificação de matérias sobre a história local nos livros didáticos.

Foi muito gratificante este trabalho sobre a Biblioteca Pública Cruz e Sousa, pois foi justamente devido a esta ausência de dados que fez com que mergulhássemos no tema através de entrevistas, fotos e pesquisas de campo e neste pré-natal as avessas retornamos até o grande útero da História e acompanhamos o desenvolver do embrião Biblioteca Cruz e Sousa.

E nesta gestação através dos anos, os enjôos foram constantes e quando pensávamos que o feto não resistiria, sentíamos um forte chute, como quem diz, não desistam de mim, eu ainda estou aqui. Apesar de todas as dificuldades ela nasceu, cresceu e hoje reproduz milhares de leitores apaixonados.

Apaixonados, porque sua história se confunde com a de milhares de Garuvenses, que para colonizar esta terra, muitas vezes pensaram em desistir por acharem difícil sobreviver. Mas uma terra que recebe de braços abertos seus visitantes, jamais permitiria que um filho seu sucumbisse.

Por estas e muitas outras razões que a Biblioteca Pública Cruz e Sousa sobreviveu a muitos de seus fundadores e ainda viverá por muitos e muitos anos, pois seus filhos e colaboradores se renovam todos os dias.Porém como uma mãe, que sempre arruma um jeitinho de ter seus filhos por perto, ela nos dá a oportunidade de fazer parte desta linda História.Faça uma doação, doe um pouquinho de você, ajude a preservar nossa Biblioteca Pública, preservando nossa Biblioteca, preservaremos nossa Identidade.


REFERÊNCIAS

CRUZ E SOUSA, João da. Broquéis e Faróis / Organização Carlos Henrique Schroeder. Jaraguá do Sul: Ed. Avenida, 2007.

GARUVA. Lei Municipal nº. 60 / 73 de 24 de outubro de 1973. Objeto da Lei-Criação da Biblioteca Pública de Garuva



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