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Local: Garuva, SC, Brazil

Professor de História concursado e lotado na Escola Municipal Vicente Vieira, em Garuva-SC. Policial Militar desde agosto de 1989, atualmente está destacado na PM de Garuva. Historiador formado pela UNIASSELVI e Pós-graduado em História Cultural pela FACEL de Curitiba-PR. Casado com Viviani, Pai do Giovanni e da Fernanda. Um Garuvense Feliz e Realizado!

segunda-feira, 31 de agosto de 2009


A HORTA DO VICENTE COMO

VOCÊ NUNCA VIU!


Clique no ícone HORTA , no menu lateral e veja as belas imagens da nossa Horta Escolar, sob uma perspectiva que você nunca viu!


Quando nos aproximamos da natureza , ela nos presenteia!

sábado, 29 de agosto de 2009

RESULTADO DO
CONCURSO DE PRODUÇÃO DE TEXTO
TEMA: "A IMPORTÂNCIA DA HORTA ESCOLAR"

Élen Taiane Zocchetto

Parabéns às alunas Élen Taiane Zocchetto, 4ª Série 04 da Professora Eliane Fiedler e Adrielle Krueger, 6ª Série 01, Vencedoras do Concurso.






















Clique na Imagem para ler


Parabéns a todos os participantes deste Concurso, afinal, todos reconheceram a Importância da nossa Horta Escolar.


"HORTA ESCOLAR" Uma conquista de todos !

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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

SEJA BEM VINDO MARCELO!

OLHA QUEM CHEGOU!

Professor Marcelo

O BLOG http://vicentevieira.blogspot.com/ conta agora com este valoroso Educador. O professor Marcelo estará contribuindo com o nosso BLOG através da publicação de seus artigos. além disso, seus alunos poderão tirar as dúvidas pertinetes a disciplina de Geografia , através desta ferramenta.

NOSSA HORTA , NOSSO ORGULHO!

A Horta Escolar Vicente Vieira, começa a dar seus primeiros frutos!



As Flores harmonizam e embelezam ainda mais o ambiente!


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terça-feira, 25 de agosto de 2009

TRAGÉDIA , TRISTEZA E DOR, MARCAM O FIM DE SEMANA EM GARUVA.


Garuva , 23 de Agosto de 2009.

A população de Garuva assiste atônita mais uma vida sendo ceifada pela imprudência no trânsito.A vítima desta vez foi Anderson Bruno de Souza, 19 anos. Anderson e mais dois primos, Rodrigo de Souza,18 anos que ficou levemente ferido e Douglas dos Santos , 15 anos, que foi conduzido em estado grave, pelo helicóptero Águia da Policia Militar ao Hospital São José.

Segundo testemunhas e familiares os jovens foram atingidos pelo veículo Siena de Joinville, que vinha de Guaratuba e seguia sentido Garuva. Ao efetuar uma ultrapassagem o condutor percebeu que vinha outro veículo em direção contrária e jogou o carro no acostamento contrário onde atingiu os jovens que vinham de uma partida de Futebol.

O Pai chorando a morte do Filho.

Quantos pais e mães ainda chorarão sobre seus filhos em virtude da imprudência?


Segundo testemunhas, populares e familiares das vítimas atearam fogo no veículo. O motorista do Siena, foi retirado do local, afim de evitar um mal ainda maior. A delegacia de Policia Civil de Garuva começou a ouvir nesta segunda-feira, as testemunhas desta tragédia.


Populares atearam fogo no veículo, após o acidente.


Aos familiares enlutados por esta tragédia, nossos mais profundos sentimentos! Que Deus todo poderoso possa dar-lhes o possível conforto diante deste momento tão terrível. Quanto às autoridades clamamos por alternativas de segurança para minimizar acidentes fatais como este. Aos motoristas pedimos apenas que se coloquem no lugar deste pai!




Edevânio Francisconi Arceno

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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

TRABALHANDO ALÉM DO COGNITIVO.





Na Escola Vicente Vieira as professoras e professores integram as atividades na Horta com a consciência ambiental.











Os alunos e alunas aprendem na prática a importância da Horta Escolar através das atividades em grupo proposta pelas professoras e professores da Escola Municipal Vicente Vieira.

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terça-feira, 18 de agosto de 2009

A HORTA DO VICENTE INTEGRA



Nossos alunos Especiais participam das atividades na Horta Escolar.

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domingo, 16 de agosto de 2009

HORTA DO VICENTE


VOCÊ NÃO PODE PERDER ESTA EMOCIONANTE HISTÓRIA !
AGUARDE

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HORTA DO VICENTE


EM BREVE UMA LINDA HISTÓRIA SERÁ CONTADA!

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A BIBLIOTECA DE GARUVA

CRUZ E SOUSA,
A BIBLIOTECA PÚBLICA DE GARUA

Edevânio Francisconi Arceno
Prof. Marcos Neotti
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Licenciatura/ História (HID 0771) – História Regional
07/04/09

RESUMO

Na cidade de Garuva, Santa Catarina temos uma Biblioteca Pública com nome de Cruz e Sousa, uma homenagem ao poeta catarinense, nascido em Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis. Foi criada em 24 de outubro de 1973 na gestão do Prefeito Darci Pereira da Costa. Assim como a história confusa que levou a criação da primeira biblioteca brasileira, a Biblioteca Municipal Cruz e Sousa também passou por muitas catástrofes e certa vez ficou esquecida às margens de um cais chamado desdém. Apesar de tudo, ela sempre contou com o apoio de fiéis leitores e freqüentadores, que atualmente estão vibrando com os novos rumos que estão se delineando na vida desta quase quarentona. Relataremos as fases desta verdadeira saga pela sobrevivência e seus principais contratempos. Não esperamos exaurir o assunto neste trabalho, porém almejamos despertar o interesse e instigar nossos leitores a freqüentar e reconhecer a importância em zelar por nossas bibliotecas públicas, que refletem a cultura, a educação e o respeito ao conhecimento, do povo que a mantém.


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Palavras-chave: Mudanças; Filhos; Esperança.


1 INTRODUÇÃO
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Quando as tropas francesas comandada pelo General Junot chegaram à Lisboa em novembro de 1807, avistaram as naus portuguesas entrando no Atlântico levando toda família real e sua corte, que transportavam arcas e baús repletos de preciosidades. Porém um dos maiores tesouros portugueses ficou esquecido no cais do porto, a Real Biblioteca da Ajuda.

Caixas e mais caixas repletas de livros, mapas, gravuras e documentos da biblioteca real que havia sido restaurada depois do violento terremoto de 1755. O próprio rei Don José I, encarregou o Marquês de Pombal a refazer e reorganizar a biblioteca real adaptando-a em um dos cômodos do Palácio da Ajuda. Algo tão valoroso, esquecido no cais!

Depois de sua chegada, Don João VI fez questão de reaver a biblioteca real que foi trazida ao Brasil em três etapas. Assim em 29 de outubro de 1810 o príncipe regente fundou oficialmente a Biblioteca Nacional.

Com a volta de D. João VI e sua corte a Portugal em 1821, não foi apenas o príncipe herdeiro que ficou, a Biblioteca Nacional também ficou por aqui e hoje é segundo a UNESCO a sétima maior biblioteca do mundo e a primeira da América Latina.

Destacamos este princípio desastroso da mãe de todas as bibliotecas brasileira, para ilustrar nosso trabalho que contará fatos tão desastrosos quanto esses que permearam a história da nossa Biblioteca Pública Municipal Cruz e Sousa.

Como toda história, esta também está repleta de heróis e vilões, que se alternam como vencedores e vencidos. Acreditamos que este embate ainda continuará por algum tempo, porém somos brasileiros e não desistimos nunca, e com um jargão pra lá de conhecido terminaremos esta introdução dizendo que, embora sendo derrotados em muitas batalhas, nossa vitória é certa.

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Nobre guerreiro audaz entre os guerreiros,
Das Idéias as lanças sopesando,
Verás, a pouco e pouco, desfilando
Todos os teus desejos condoreiros...
(CRUZ e SOUSA, Sonhador. p 48).

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2 GENÊSIS
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O município de Garuva ainda era uma criança com quase dez anos de emancipação, quando o prefeito Darci Pereira da Costa sancionou em 24 de outubro de 1973, a lei nº. 60/73, que autorizava o chefe do executivo a criar a Biblioteca Pública Municipal.


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Em destaque o Prefeito Darci Pereira da Costa , Prefeito fundador da Biblioteca Fonte: Arquivo do NAES.

Art. 1º - Fica o chefe do poder executivo autorizado, a criar na sede do município, a Biblioteca Pública Municipal, a qual fica subordinada a administração dos responsáveis pela educação e Cultura do Município. (Art.1º da lei municipal de Garuva nº. 60/1973).NNNNN

O prefeito recebeu da Câmara Municipal, autorização para gastar com a implantação da Biblioteca a quantia de Cr$ 1.500,00 (Um mil e quinhentos cruzeiros). Também foi autorizado usar até a mesma quantia a título de gratificação na contratação de um funcionário para servir na referida Biblioteca.

A instituição foi registrada no MEC - Ministério de Educação e Cultura, Instituto Nacional do Livro, sob o número 15.864, em 26 de Dezembro de 1973. O chefe do executivo propôs a inclusão no orçamento de Dez salários mínimos para aquisição de livros.

Assim nasceu a Biblioteca Pública de Garuva, que foi instalada em uma sala nas dependências da Prefeitura Municipal. Recebeu o nome de Cruz e Sousa, uma homenagem ao poeta catarinense. Um presente à população do recém emancipado município.NN

Do sonho as mais azuis diafaneidades
Que fuljam, que na Estrofe se levantem
E as emoções, todas as castidades
Da alma do Verso, pelos versos cantem
(CRUZ e SOUSA, Antífona. p 29).


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3 O PATRONO, POR QUE CRUZ E SOUSA?
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João da Cruz e Sousa nasceu em Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, em 24 de novembro de 1861. Filho de pedreiro escravo e lavadeira escrava liberta, Cruz e Sousa foi educado por dona Clarinda Xavier de Sousa, esposa do marechal-de-campo Guilherme Xavier de Sousa

João da Cruz e Sousa ,Poeta Catarinense
Fonte: Internet


NNNNNNEstudou no Ateneu Provincial Catarinense, onde estudou durante cinco anos, Francês, Latim e Inglês. Também estudou Matemática e Ciências Naturais com naturalista alemão Fritz Muller, amigo e colaborador de Charles Darwin.Fundou o jornalzinho literário semanal, Colombo. Tornou-se escolanovista e começou a redigir a Tribuna Popular.O poeta Cruz e Sousa lutou contra o preconceito em virtude de sua cor e por muitas vezes teve de lutar para que seu trabalho fosse reconhecido. Por causa do preconceito, Cruz e Sousa foi impedido pelos políticos locais de assumir o cargo de Promotor de Laguna, indicação feita pelo seu amigo abolicionista e Presidente da Província de Santa Catarina, Dr. Francisco Luís da Gama Rosa.Em 1890 mudou-se definitivamente para o Rio de Janeiro, onde colaborou com a Revista Ilustrada e tornou-se arquivista da Central do Brasil. Logo depois conheceu e casou-se com Gavita Rosa Gonçalves, também negra. Em 1894 nasceu seu filho Raul, o primeiro dos seus quatro filhos.Com os lançamentos dos livros Missal e Broquéis, começou a ser reconhecido por outros escritores de renome, como por exemplo, Alphonsus de Guimaraens, que foi ao Rio de Janeiro especialmente para conhecê-lo.Depois de ser reconhecido pelas publicações de Evocações e Faróis, morreu de tuberculose no dia 19 de março de 1898 o mais eminente poeta catarinense e ícone brasileiro do Simbolismo, no Estado de Minas Gerais. O seu corpo foi para o Rio de Janeiro no dia seguinte, onde seu amigo José do Patrocínio cuidou do funeral.Mesmo morto o drama continuou na história de Cruz e Sousa. Gavita morreu em 13 de Setembro de 1901, do mesmo mal que havia vitimado Cruz e Sousa e seus filhos. João da Cruz e Sousa, o filho caçula morreu em 15 de fevereiro de 1915 também de tuberculose pulmonar. Deixou um filho que se tornou marinheiro e dele nasceu uma grande descendência de Cruz e Sousa no estado do Rio de Janeiro.Foi erguido um monumento em sua homenagem na atual praça XV de Novembro em Florianópolis em abril de 1923, porém o Busto foi destruído pela ação do tempo. Em 1943 o governador Nereu Ramos promoveu a construção do mausoléu.

Creio que por estas e muitas outras razões os educadores e autoridades do município de Garuva decidiram homenagear este ícone da literatura Brasileira. Que lutou através de ações e extravagâncias vocabulares, questionando o racismo, o preconceito e também o modelo literário da época.

As próprias mocidades e as infâncias
Das coisas têm um esplendor infindo
E as imortalidades e as distâncias
Estão sempre florindo e reflorindo.
(CRUZ e SOUSA, Luar de Lágrimas. p 205).


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4 A PRIMEIRA MUDANÇA
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A Biblioteca estava em pleno funcionamento. A população ainda que timidamente, começou a prestigiar o novo investimento cultural da Cidade. Livros foram sendo doados e outros adquiridos, enfim a biblioteca que era somente um anseio começou a tomar forma e crescer.

Passaram-se alguns anos e constatou-se que não foi apenas a Biblioteca que cresceu, o próprio município de Garuva cresceu e juntamente com ele a necessidade de reorganizar sua administração criando secretarias, gabinetes, seções, etc.

Prefeitura Municipal de Garuva;Primeiro Endereço da Biblioteca Pública
Fonte: Arquivo do NAES


O espaço físico da Prefeitura ficou pequeno demais, a necessidade de criar mais espaço, fez com que algumas secretarias fossem remanejadas de local, entre elas a Secretaria de Educação, que levou consigo a Biblioteca Municipal Cruz e Sousa, para um novo endereço da Avenida Celso Ramos, local onde atualmente se encontra o Fórum de Garuva.

Esta mudança foi maravilhosa, a Biblioteca enfim ganhou um espaço amplo e de fácil acesso à população, além disso, começou a oferecer cursos de datilografia e muitos outros que formaram muitos cidadãos e cidadãs garuvenses.

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Surges, talvez, do fundo de umas eras
De doloroso e turvo labirinto,
Quando se esgota o vinho das Quimeras
E os venenos românticos do absinto.
(CRUZ e SOUSA, Ângelus... p 79).

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5 A SEGUNDA MUDANÇA


Ficou difícil estudar e pesquisar na Biblioteca Pública de Garuva, tinha barulho de máquinas e caminhões trazendo materiais de construção. Como a Biblioteca estava instalada em uma casa de madeira, o entra e sai de material de construção, só podia significar uma coisa, obras.

Os indícios se confirmaram, veio a ordem da prefeitura para derrubar tudo, pois iria ser construído um novo prédio de alvenaria, estilo sobrado. Até que enfim! Viva a Cultura! Viva o povo que reconhece o valor da Leitura! Mas para onde vai a Biblioteca durante as obras?

A prefeitura tinha recentemente inaugurado no centro da cidade o mais novo orgulho garuvense, a Praça Pedro Ivo Campos, que foi considerada como uma das praças mais bonitas do Brasil. Nesta praça tinha um Coreto e este se tornou o mais novo endereço da Biblioteca Municipal Cruz e Sousa.

O lugar, apesar de ter fácil acesso não era muito indicado para se instalar uma Biblioteca. O Espaço físico tinha muitas infiltrações de água e umidade, devido à falta de cobertura adequada, que comprometeram em diferentes níveis muitos títulos e obras.

O novo prédio finalmente ficou pronto, nossa Biblioteca voltaria para o seu local restaurando sua auto-estima, porém houve mudanças de planos, e o novo prédio tornou-se endereço de vários setores da administração municipal, inclusive da Câmara de Vereadores, menos da nossa Biblioteca Cruz e Sousa.

Então o Coreto da praça com suas infiltrações, que seria uma sede provisória acomodaram em suas precárias estruturas a nossa desrespeitada Biblioteca Pública durante longos anos.

Inauguração da Praça Municipal de Garuva. Na foto cinco vereadores da época da esquerda para a direita: Seu AmaraL;Valdemar da CELESC;Dorval Raimundi;Afonso Pereira da Rocha e Ivan Palandi.
Fonte : Arquivo Pessoal de Dorval Raimundi

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Recorda mágoas, lágrimas e risos
E soluços e anseios...
Revive dos nevoeiros indecisos
E dos vãos devaneios.
(CRUZ e SOUSA. Recorda! p 96).


6 UM TESOURO ESQUECIDO


Segundo a mitologia Maia, a História é Cíclica, ou seja, ela sempre volta acontecer, iniciamos este trabalho, relatando que durante a fuga, a Coroa Portuguesa esqueceu no Cais do porto um de seus maiores tesouros, pois bem nós também abandonamos!

Por diversas razões a Biblioteca teve que mudar de endereço novamente, então a Prefeitura alugou um imóvel na Rua Carijós nº.275 no Bairro Geórgia Paula. Os livros foram colocados em várias caixas e transportados para o local.

Imovel do Bairro Georgia Paula, alugado pela Prefeitura para Biblioteca Pública em 2008.
Fonte : O Autor

Passaram-se os dias e a Biblioteca fechou suas portas e os livros ficaram lá da mesma forma que chegaram, dentro das caixas. Do mês de junho a novembro de 2007, a população garuvense ficou pela primeira vez, depois de trinta e três anos sem sua Biblioteca Pública. Um tesouro esquecido e enterrado por quase seis meses.

Será que nossa Biblioteca também foi amaldiçoada pelo trágico destino de seu patrono, morrerá também acometida pela tuberculose do descaso? Não, assim como Dom João, recuperou seu tesouro, o João daqui resolveu rever a situação e decidiu recuperar o brilho de uma pérola há tempos escondida.

Os livros foram libertados, os textos puderam ver novamente a luz do dia, encaixavam-se harmoniosamente um ao lado do outro em suas prateleiras. Até mesmo as prateleiras que freqüentemente emitiam sons de rangidos, desta vez estavam caladas e atônitas, como quem reencontrava alguém que há muito tempo não se via e que o silêncio era a melhor forma de dizer, que saudades!

Apesar da euforia a tristeza também fez parte deste momento, pois chegou à hora de reavaliar a situação e contar os feridos, como em todo combate, baixas são inevitáveis. Segundo uma das bibliotecárias, uma das obras mais valiosas do acervo, A Divina Comédia, obra prima de Dante Alighieri se perdeu devido a umidade, assim como muitas outras.

Mesmo assim, em janeiro de 2008, a Biblioteca Pública Cruz e Sousa reabriu suas portas à população garuvense, no já citado endereço da Rua Carijós. A Secretária de Educação passou a integrar as bibliotecárias aos demais funcionários da Educação. Elas começaram a participar das reuniões pedagógicas, onde criaram projetos de divulgação da referida Biblioteca.

Os projetos foram executados e divulgados através da rádio comunitária, visita às Escolas e distribuição de Cartazes fixados em locais públicos. A população momentaneamente correspondeu, aumentando assim o número de visitantes, demonstrando que os projetos são viáveis e apresentam resultados positivos.

Assim como uma Fênix, a Biblioteca de Garuva ressurge das caixas abandonadas e emboloradas, virando mais uma página de sua História, dando início a um novo capítulo.

Alma! Que tu não chores e não gemas,
Teu amor voltou agora.
Ei-lo que chega de mansões extremas,
Lá onde a loucura mora!
(CRUZ e SOUSA. Ressurreição. p 155).

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7 UMA SEGUNDA CHANCE

No início de 2009 a Secretaria de Educação anexou a Biblioteca Pública à Casa da Cultura, sob a coordenação da Sra. Maria de Fátima Malucelli que desde Fevereiro estão em novo endereço, na Avenida Celso Ramos nº.1449. O novo local é muito bem localizado, amplo, arejado e de excelente Iluminação.

Fachada da nova Biblioteca Pública Sousa e Cruz
Fonte: O Autor
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Fomos muito bem recebidos pela Coordenadora, professora aposentada pelo Estado do Paraná, Maria de Fátima que nos apresentou seus projetos tais como: a criação de uma Sala de Contação de História, Concursos de Poesias, Entrega domiciliar de livros para as pessoas previamente cadastradas e a informatização do Espaço com a aquisição de novos computadores. Segundo a Bibliotecária Eliane Genovez, o atual acervo da Biblioteca Cruz e Sousa contam com um número aproximadamente de onze mil títulos. Os títulos variam desde o clássico da autora Emily Bronte, O Morro dos Ventos Uivantes, de 1959 até Revistas em quadrinhos. Disse-nos ainda, que a Secretaria tem um projeto para novas aquisições de livros, porém não disse quando.

Após registrar nossa visita em um livro de presença, a Professora Bibliotecária Dejanir Maria Brandal, confessou-nos que está adorando o local e também percebeu a reação positiva dos visitantes. Disse que se sente motivada com os novos rumos da Biblioteca, e os resultados começaram a surgir devido ao aumento surpreendente do número de visitantes.

A nossa impressão foi a melhor possível, encontramos um espaço muito bem decorado com uma sala de recepção, sala de leitura, uma sala única e exclusiva para as estantes com os livros e demais dependências onde a professora Maria de Fátima ministra cursos à comunidade. A equipe pareceu-nos integrada no mesmo objetivo, resgatar a cultura e o reconhecimento da importância de um espaço como este à comunidade garuvense.sd

Para as Estrelas de cristais gelados
As ânsias e os desejos vão subindo,
Galgando azuis e siderais noivados
De nuvens brancas a amplidão vestindo...
(CRUZ e SOUSA. Siderações. p 31).

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8 A ÚLTIMA PALAVRA É DO LEITOR

Durante todo o trabalho destacamos a importância de se ter uma Biblioteca Pública e tudo mais, mas de que serviria se não houvesse quem a freqüentasse, afinal este é o objetivo, ninguém adquire conhecimento simplesmente por ter um livro, é necessário lê-lo.

Conversamos com dois assíduos freqüentadores da Biblioteca, leitores apaixonados que acompanharam as idas e vindas da nossa Cruz e Sousa. Quando questionados a respeito do novo local, foi só sorrisos, ambos acharam muito bom à mudança de ambiente. Um dos melhores locais e uma das bibliotecas mais aconchegante que já visitei, acrescentou João Valmir Neitzel, freqüentador da nossa Biblioteca desde que estava anexada a Prefeitura.
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João Valmir Neitzel e Família.
Fonte : O Autor

João adquiriu o hábito da leitura, através dos livros didáticos que sua mãe, a Professora Valéria, levava para casa. Dentre seus autores preferidos estão Vitor Hugo, João Guimarães Rosa e Jorge Amado. Outro entrevistado foi Gelásio Capingotto.

Gelásio gosta de livros filosóficos e históricos, seu autor preferido é o romancista existencialista russo, Fiódor Dostoievski, mas também gosta de ler outros tipos de literaturas, demonstrando um gosto bem eclético. Disse-nos que adquiriu o hábito de ler através dos gibis e nunca mais parou. Lamentou a triste realidade de nossas Escolas que não estimulam mais nossos alunos a conhecerem as maravilhas do mundo da leitura. Comparou a importância do Livro à descoberta do Fogo, referindo-se ao mundo de possibilidades depois de compreender e desvendar seus segredos.

Como podemos perceber a nossa quase quarentona Biblioteca Cruz e Sousa, concebeu com o passar dos anos muitos filhos e filhas, assim como João e Gelásio, existem muitos outros filhos da leitura e passageiros da fantasia, que por diversas vezes encontraram nesta Biblioteca, asas para seus sonhos.

Ao mesmo tempo suave e ao mesmo tempo estranho
O aspecto do meu filho assim meigo dormindo...
Vem dele tal frescura e tal sonho tamanho
Que eu nem mesmo já sei tudo que vou sentindo.
(CRUZ e SOUSA. Siderações. p 31).


9 CONCLUSÃO

Quando iniciamos a matéria sobre História Regional, não entendíamos porque tanto alarde, seminários e conferências a respeito do assunto. Porém ao iniciar este trabalho, sentimos na pele as dificuldades de realizar nossa pesquisa de forma mais profunda e substanciosa, devido à ausência de materiais e documentos a respeito do tema.

Concordamos que são de suma importância a inserção e intensificação de matérias sobre a história local nos livros didáticos.

Foi muito gratificante este trabalho sobre a Biblioteca Pública Cruz e Sousa, pois foi justamente devido a esta ausência de dados que fez com que mergulhássemos no tema através de entrevistas, fotos e pesquisas de campo e neste pré-natal as avessas retornamos até o grande útero da História e acompanhamos o desenvolver do embrião Biblioteca Cruz e Sousa.

E nesta gestação através dos anos, os enjôos foram constantes e quando pensávamos que o feto não resistiria, sentíamos um forte chute, como quem diz, não desistam de mim, eu ainda estou aqui. Apesar de todas as dificuldades ela nasceu, cresceu e hoje reproduz milhares de leitores apaixonados.

Apaixonados, porque sua história se confunde com a de milhares de Garuvenses, que para colonizar esta terra, muitas vezes pensaram em desistir por acharem difícil sobreviver. Mas uma terra que recebe de braços abertos seus visitantes, jamais permitiria que um filho seu sucumbisse.

Por estas e muitas outras razões que a Biblioteca Pública Cruz e Sousa sobreviveu a muitos de seus fundadores e ainda viverá por muitos e muitos anos, pois seus filhos e colaboradores se renovam todos os dias.Porém como uma mãe, que sempre arruma um jeitinho de ter seus filhos por perto, ela nos dá a oportunidade de fazer parte desta linda História.Faça uma doação, doe um pouquinho de você, ajude a preservar nossa Biblioteca Pública, preservando nossa Biblioteca, preservaremos nossa Identidade.


REFERÊNCIAS

CRUZ E SOUSA, João da. Broquéis e Faróis / Organização Carlos Henrique Schroeder. Jaraguá do Sul: Ed. Avenida, 2007.

GARUVA. Lei Municipal nº. 60 / 73 de 24 de outubro de 1973. Objeto da Lei-Criação da Biblioteca Pública de Garuva



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sábado, 15 de agosto de 2009

Proerd

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FORMATURA PROERD

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PERFIL

O Nascimento.



Edevânio Francisconi Arceno, filho de Antônio Arceno e Luiza Francisconi Arceno, nasceu em 31 de Janeiro de 1971, na cidade de Garuva, Santa Catarina. Sua mãe trabalhava de cozinheira em um restaurante e seu pai trabalhava no posto de gasolina chamado Auto Posto Gaúcho, que ficava em frente ao restaurante e ambos próximos ao principal trevo de acesso ao município de Garuva.


O casal Antônio e Luiza morava em um quarto nos fundos do restaurante, que era de propriedade de um parente, e ali nasceu a criança que recebeu o nome de Edevânio por indicação de uma tia que seria sua futura madrinha.


Seus pais mudaram muitas vezes até se estabilizarem em Garuva. Seu pai começou a trabalhar na Tigre e sua mãe trabalhava no açougue com o avô Defendi. Mas um trágico acidente automobilístico em 30 de Agosto de 1978 na Br 101, levou seu avô embora e fez com que sua mãe mudasse de profissão, então começou a trabalhar de lavadeira.Assim conseguiram construir sua primeira casa própria. Uma meia água, construída na rua XV de novembro, a última casa da esquerda. Foi neste ano que Edevânio começou a estudar!



O Primeiro dia de Aula.



Como sempre, o primeiro dia de aula para algumas pessoas pode ser traumático e para o Edevânio, não foi diferente. Ele nunca ficou em nenhum lugar sozinho sem a supervisão dos pais, porém tinha a companhia de seu primo Elízio, conhecido com Ida, então, não foi tão difícil assim. Acontece que a socialização na escola, nem sempre é tão simples, e nesta busca de achar seu lugar naquela sociedade mirim, conseguiu fazer muitas amizades, mas acontece que a filha de uma funcionária da escola, que nem estudava em sua turma , decidiu não gostar dele, este foi o principio de uma situação que duraria muito tempo. Por várias vezes ele teve que fugir desta menina, pois ela tinha o dobro do seu peso e tamanho. A situação estava ficando cada vez mais desesperadora, até o dia que resolveu enfrentar aquela situação de frente. Desafiou a dita menina para um duelo, a mesma disse que sim, então no dia e horário marcado, as coisas foram colocadas em pratos limpos. Acontece que a mesma tinha dois irmãos, que eram maiores que ela, só que o Edevânio não estava só, ele tinha seu destemido primo Ida, lembram? Pois é, ele deu no pé, ainda bem que Edevânio fez amizade com os irmãos dela, senão...!




A Quarta Série.


É interessante esta coisa de um dia estar por cima e no outro você esta completamente por baixo. Isto acontece quando você sai da quarta e entra na quinta série. Porque um dia você é um dos maiores, o mais experiente, o mais inteligente e derrepente no outro você não passa de um novato, que sequer entende esse negócio de troca de professor, enfim, você tem de começar tudo de novo. Este talvez seja o aprendizado mais significativo das séries iniciais, uma lição para a vida inteira!


A quarta série do Edevânio foi tudo isso e muito mais. Sua professora era a Sra. Lídia Elisabeth, muito carinhosa e prestativa. Foi nesta série que ele começou a demonstrar facilidade na produção de textos.


Nas aulas de português a professora Elisabeth solicitava periodicamente redações , ele escreveu várias, porém duas delas chamaram a atenção da professora. A primeira intitulada, “Um crime em Insetolândia”, tratava da narrativa de uma investigação, comandada pelo Inspetor Murisóca, que exaustivamente procurava o assassino de um Ser Humano. Depois de várias investigações e depoimentos pra lá de intrigantes, ele concluiu que o culpado era o mosquito da Dengue. (Doença, que na época começava a chamar a atenção da saúde pública).


A segunda redação foi uma analogia de João e o pé de Feijão, onde foram incorporados vários detalhes de outras histórias, como por exemplo, as tias do personagem principal foram tiradas de “Cinderela”. Nesta redação o personagem principal, recebeu o nome do irmão de Edevânio, que apesar de se chamar Everaldo, todos o conhecem por “Lalau”. E quando Lalau ganhou vida na imaginação, era um menino pobre que para sustentar sua família foi incumbido de vender o único bem da família, uma vaca. Porém ele não vendeu, e com os feijões mágicos que ganhou foi correndo para casa. Irada por sua desobediência, sua tia jogou os feijões pela janela e repreendeu Lalau. Acontece que a Vaca comeu os feijões e criou asas, e Lalau passou a viver grandes aventuras voando no lombo de sua vaca. Esta redação recebeu o título de “A Vaca Voadora”.


Todos ficaram fascinados pela história, como pode uma vaca voar, perguntavam. Passaram-se os anos e Edevânio viu nas livrarias do Brasil, um livro com o mesmo título e contava uma história parecida com a sua, inclusive o personagem principal tinha o mesmo nome. Tantas coincidências deixou-o intrigado, mas fazer o que, quando não se tem “voz” para falar!


O livro lançado em 2002 foi um grande sucesso e deu a autora o status de “criadora das vacas voadoras”. Acontece que um menino já voava no lombo de uma vaca desde 1981, mas quem pode provar isto! A Senhora testemunharia professora Elisabeth?




Sete de Setembro




Dia Sete de Setembro de 1822, dia da Independência do Brasil, dia em que às margens do rio Ipiranga, D. Pedro I deu o famoso grito “Independência ou morte!”. No Brasil o dia Sete de Setembro foi transformado em feriado nacional e é celebrado com desfiles por todo o território. O desfile de sete de setembro era obrigatório na época que o Edevânio estudava. A população prestigiava em peso, margeando toda a Avenida Celso Ramos, da Delegacia à Prefeitura, para ver o desfile, que tradicionalmente era aberto pela Banda do 62º Batalhão de Joinville.


Os desfiles implicitamente externavam qual classe social os alunos pertenciam. Vamos começar pelo ápice da pirâmide para que você entenda melhor. Na parte superior estavam os alunos com maior poder aquisitivo/econômico, ou seja, eram aqueles alunos convidados para desfilarem fantasiados de: D. Pedro I, D. Pedro II, Princesa Leopoldina, Princesa Isabel, Tiradentes, José Bonifácio, Rui Barbosa, enfim toda a nobreza imperial e os heróis da república. Logo abaixo estava os da classe média que geralmente abriam os pelotões como balizas, porta-bandeiras e não podemos esquecer da fanfarra. Neste grupo os alunos menos favorecidos não eram totalmente excluídos, mas só podiam participar se fossem patrocinados por alguém. O desfile ganhava volume e beleza, quando era completado pela classe dos alunos menos favorecidos , que era a grande maioria. Naquela época, os alunos não ganhavam uniformes e tinham que comprar. Os uniformes novos tinham que ser azul e branco e o calçado era a famosa conga, que também tinha nas cores, azul e branco. Mas havia também uma classe menos favorecida ainda, que geralmente não podia comprar o tal uniforme, então eram fantasiados de índios para participarem do desfile, e neste seleto grupo estavam presentes nossos heróis destemidos, Edevânio e Elízio, isto mesmo, o Edevânio e o seu primo Ida, aquele que deu no pé, no primeiro ano lembram?


Mas como tudo tem um fim, os dias do Edevânio desfilar de Índio terminaram, não que ele tenha vergonha da sua classe social ou de usar as roupas de índio que sua mãe fazia, ainda que aquela sainha rodeada de penas o deixasse muito constrangido. Acontece que ele foi promovido e agora ele fazia parte de um outro grupo, onde ele iria desfilar pelo time infantil do CTG, um clube muito conhecido em Garuva nas décadas de 70 e 80. Estava todo orgulhoso, levantou bem cedo, pois mal conseguiu dormir, se arrumou sem que sua mãe se preocupasse e foi ao clube. Chegando lá ganhou uma camisa, um shorts, meias e pela primeira vez na vida calçou um par de chuteiras, e aguardava ansioso para sair dali, formar o pelotão e desfilar.


O ex-indiozinho já estava na fila e tudo estava pronto para o desfile, quando derrepente seu sonho começou a se tornar um pesadelo. Quando todos já estavam vestidos e prontos para começar a desfilar, uniu-se ao grupo o filho do prefeito, e ele também queria desfilar de jogador, porém não tinha mais uniforme. Atendendo a um pedido superior o responsável pelo grupo foi olhando no rostinho de cada criança do grupo e por ironia do destino seu olhar parou no nosso ex-indiozinho, que teve que tirar o uniforme e entregar ao primeiro menino do município.


Edevânio teve que voltar para casa, e uma vez que não iria mais desfilar de jogador, e também não tinha comprado uniforme, adivinhem o que estava esperando por ele? A sua fantasia de índio. Quando chegou em casa começou a chorar, chorou pela perda de um sonho, por sua decepção e humilhação . Sua mãe ao vê-lo naquela situação chorou junto, e abraçados sua mãe dizia que aquilo iria passar e que tudo isso tinha acontecido porque o pelotão de indiozinhos não podia desfilar sem ele. Ela então o arrumou colocou sua sainha de penas, seu cocar, seu arco e flechas e disse: Filho, você é o indiozinho mais lindo do mundo!


Edevânio foi à escola, explicou o que tinha ocorrido à professora e juntou-se a sua tribo, que o recebeu de braços abertos. O seu primo Ida, que ficava a sua frente na formação do desfile, não entendeu por que o Edevânio não desfilou de jogador e também nunca perguntou.


Na Segunda-feira seguinte ao desfile, o prefeito ficou sabendo do acontecido e querendo compensar, levou-lhe de presente uma bola de futebol nº. 5 novinha! Ele aceitou, porque criança não tem orgulho, e se não tem como pode feri-lo! Mas sem dúvida, a maior compensação daquele dia, foi à lição que Edevânio aprendeu com sua mãe, que lhe ensinou: “Não importa o que fazem ou que deixem de fazer, o que dão ou que tirem de você. O importante é , aqueles que te amam sempre farão mais e darão coisas melhores ainda do que você merece!”.






Ir Embora de Garuva! Por quê?





No final de 1982, Seu Antônio decidiu que era hora de mudar de cidade. Ele tinha feito isso outras vezes, certa vez ele foi embora com a família para Joinville, ficou uma semana e retornou, os motivos até hoje é um mistério para o nosso amigo Edevânio, que não ficou nem um pouquinho triste em retornar à sua amada Garuva. Mas desta vez algo dizia que era pra valer, ainda mais que a cidade escolhida por seu Antônio não era mais Joinvile, mas sim uma pequena localidade chamada Apiúna, que naquela época era Distrito de Indaial - SC e ficava bem mais longe que Joinville. Quanto a idéia de ir embora, ele também não tem certeza, mas acredita que foram várias causas que o levaram a tal decisão.


Seu Antônio tinha passado por problemas graves de saúde que o deixou hospitalizado e de cama por quase seis meses e isto mexeu com toda estrutura da família. A primeira coisa que fez foi vender parte de seu terreno ao seu cunhado que estava vindo de São Paulo para morar em Garuva. Trabalhavam em casa, com uma pequena confecção de artesanato de cipó, trabalho muito praticado na região. A produção não estava indo muito bem e por causa de sua enfermidade, era Dona Luiza que se desdobrava na confecção do artesanato e lavação de roupas, porém o dinheiro era cada vez mais escasso para manter a família. Seu filho Edevânio lembrou que certa vez depois de cortar uma maçã em quatro partes, uma para cada filho, sua mãe chorou, neste momento ele pegou umas toalhas de crochê e panos de prato bordados que sua mãe tinha em casa e saiu. Depois de algumas horas retornou com o dinheiro, havia vendido tudo e disse-lhe que se tivesse mais teria vendido. A verdade era que por mais que fizessem, a situação era cada vez pior. Ainda bem que seu Antônio se recuperou e logo começou a trabalhar.


Depois disto, ele recebeu uma proposta de emprego através de seu irmão, em uma serraria no Distrito de Apiúna, onde “davam” até casa para os funcionários. Foi a deixa que ele esperava para colocar a outra parte da propriedade a venda e ir embora.


Não precisamos nem mencionar o quanto esta decisão afetou o nosso amigo Edevânio que tinha acabado de cursar a sexta série, e seis anos na mesma escola, criaram nele uma certa identidade com a mesma, até mesmo a gordinha que outrora o perseguia, agora era sua amiga. Além disso, tinha toda uma história com o campinho de areia atrás da casa do seu Levi, o time do Flamenguinho, os passeios de bicicleta pelo traçado daquilo que seria a Rua Castro Alves, os banhos escondidos de rio na “Pedra da Raia”, (futuramente a Raia seria chamada de Bairro Geórgia Paula). Tudo isto estava prestes a se tornar apenas uma lembrança para o nosso Garuvense.


Quando chegaram a Apiúna, viram que a casa que a serraria “cedia” aos funcionários, parecia muito com aquelas casas de filme de terror. Era sem pintura, velha, grande e em cima de um morro, só faltou o uivo de um lobo! Mas o pai do Edevânio estava feliz e se ele estava feliz, o jeito era se adaptar. Depois que sua mãe matrículou ele e sua irmã no Colégio Estadual “São João Bosco”, ela foi procurar um emprego, pois precisava ajudar nas despesas da casa. Conseguiu emprego de diarista, mas como a renda era insuficiente começou a fazer coxinhas, que o Edevânio vendia nas casas e no comércio local. Por causa do emprego de sua mãe, sua irmã Nina teve que parar de estudar para cuidar dos outros dois irmãos, onde a caçula era apenas um bebê e esta decisão deixou todos muito tristes. O Edevânio também conseguiu um emprego em uma padaria, onde entregava pães aos clientes durante a semana e nos finais de semana vendia coxinhas sem atrapalhar seus estudos.


Tudo estava indo muito bem, quando derrepente toda a família começou a ficar doente, quando um melhorava o outro adoecia, e nesta seqüência de enfermidades o dinheiro que o seu Antônio tinha da venda da propriedade de Garuva acabou. Uma fase muito difícil iniciou para esta família, além disto, nesta mesma época em 1983 aconteceu uma grande enchente que vitimou todo o vale do Itajaí, o pai do Edevânio pensou em voltar para Garuva, mas não voltou. Para complicar a situação ainda mais, o padeiro descobriu através dos clientes que seu funcionário Edevânio tinha caído com a bicicleta cargueira carregada de pães e doces deixando-os cair no chão, e mesmo assim entregou aos clientes. O padeiro demitiu o jovem entregador dizendo que ele não era uma pessoa confiável. Edevânio chorou e tentou explicar que não contara nada, com medo de ser demitido, pois sua família estava passando por grande dificuldade e além do medo de perder o emprego, seu chefe deixava levar para casa, os pães e doces que sobravam de um dia para o outro, porém ele não quis saber e o demitiu.


Mas a fase ruim logo passou e tudo foi se ajeitando. Em Apiúna tinha uma malharia chamada Brandili, onde Dona Luiza e seu filho foram empregados com carteira registrada e tudo. O turno de serviço era das 14:00 às 22:00 h., ou seja, o Edevânio podia estudar de manhã e trabalhar a tarde, bem como sua mãe ainda poderia manter o emprego de diarista no período matutino. Ambos ainda trabalhavam nos finais de semana fazendo e entregando coxinhas ao comércio.


Do colégio Dom Bosco, nosso amigo pouco lembra, com exceções de alguns colegas, porém apesar de sua passagem rápida por lá, conheceu o professor de Ciências Pedro Wilson, que foi para ele um grande amigo. Com ele o Edevânio aprendeu uma frase que levaria para sempre consigo: _ "Nada é impossível, se lutarmos para conseguir”. Ele ainda continuará a fazer parte desta história no momento oportuno. Com os filhos dos outros funcionários da serraria ele fez grandes amizades. Eles o apelidaram de “GARUVA”, porque falava muito da sua cidade natal, também participou do time infantil da Serraria e venceram muitos torneios. Certa vez o “GARUVA”, conseguiu convencer sua mãe a fazer um bolo, para rifar e comprar o uniforme do time. Quando ela aceitou, ele começou a vender os bilhetes, acontece que ele foi começar a vender logo na casa do delegado do Distrito, o Dr Paulo Petzs. O delegado então perguntou se ele tinha licença para vender a rifa, “GARUVA” explicou que o time era composto por filhos de funcionários da Serraria, que não tinham dinheiro para comprar uniforme e por isso sua mãe aceitou fazer um bolo para rifar. O delegado falou à ele para não vender a rifa, pois isso não era legal pois não tinha licença. Mandou que o menino esperasse um pouco, apesar do nosso amigo pensar em sair correndo, não teve coragem! Derrepente o delegado aparece com um jogo de camisas ainda no pacote, cheirando a novo e doou ao time. O nosso vendedor de rifas saiu dali numa disparada só! Foi logo contar para os outros garotos e todos ficaram felizes! A única coisa que não agradou o palmeirense Edevânio, era que as camisas eram do time do São Paulo, porém “Burro dado, não se olha os dentes”.


Quando tudo estava normalizado, seu Antônio foi demitido, a Serraria estava passando por uma crise e houve corte de funcionários. A empresa pagou todos os direitos trabalhistas e deu um prazo para os ex-empregados deixarem as casas. E agora o que fazer?






FOMOS, FUMO e VOLTAMOS
Parte 01

Com a demissão, seu Antônio precisava decidir entre ficar em Apiúna e arranjar outro emprego ou voltar para a saudosa Garuva, afinal de contas sua esposa e filho estavam empregados. Edevânio estava ansioso e esperava que a decisão de seu pai fosse voltar. Na cidade de Apiúna existe um Posto de Fiscalização da Fazenda, parecido com o Posto Fiscal de Garuva.Várias vezes ele sonhou que ao passar com sua bicicleta em frente ao Posto, pedalava cada vez mais rápido, e da mesma forma que o carro do filme “De Volta para o Futuro”, ele e sua bicicleta desapareciam de Apiúna e surgiriam na Br 101 em frente ao Posto Fiscal de Garuva. Assim podia visitar seus amigos, parentes e os lugares que tanto deixou saudades!


Acontece que Seu Antônio recebeu uma proposta de emprego em um lugar mais distante ainda, no Distrito de José Boiteux em uma plantação de fumo. Dona Luiza e seu filho Edevânio foram até a malharia, pediram a conta e nada mais segurou esta família em Apiúna. Então chegou o caminhão de mudanças e levou não só os móveis, mas também toda família juntamente com os sonhos do Edevânio para mais distante de sua Garuva. O lugar de destino era um Distrito do município de Ibirama, chamado José Boiteux, que se pronuncia “Boatê”. Era uma pequena comunidade agrícola, que vivia basicamente da plantação de Fumo. Além disso, tinha uma Barragem que segurava as águas do Rio Itajaí Açu e também uma das maiores reservas indígenas no Sul do Brasil.


A casa de José Boiteux era mais assustadora que a outra, além de ser grande, sem pintura e isolada em um morro, ficava no lado de uma Igreja Antiga que tinha um cemitério nos fundos. O quarto onde dormiam o Edevânio e a Elenir, carinhosamente chamada de Nina, tinha uma janela que dava de frente para Igreja, automaticamente podiam ver o cemitério e às vezes, as chamas das velas pareciam entrar no quarto. Para dois adolescentes, imaginem o quanto foi traumático, porém nenhuma noite foi mais assustadora, do que a “Noite do Precioso”.


O pior é que a Igreja com o cemitério estava entre a Casa e o pequeno centro de José Boiteux, onde ficava a Escola, a farmácia, a mercearia, etc. Dona Luiza foi até a Escola Municipal “José Clemente Pereira”, e matriculou seus filhos. O Edevânio foi matriculado na 8ª Série e seu irmão Everaldo, conhecido por Lalau, na 1ª Série.


O serviço na roça fez seu Antônio voltar às origens, porém para o Edevânio tudo era novidade. A terra foi arrendada de uma família tradicional da região e tinha um morro nos fundos da casa. A preparação da terra para o plantio não é muito diferente de outras culturas, o processo é semelhante, primeiro ara-se a terra, depois passa o riscador que é puxado por um cavalo, (no nosso caso uma égua chamada Boneca), onde se fazia as leras e a terra ficava pronta para o plantio. Porém quando este serviço é feito no morro, a dificuldade é muito maior.


Na escola a adaptação não foi tão difícil, talvez por terem passado pela mesma situação no ano anterior. Os alunos também eram filhos de agricultores, funcionários da barragem e indígenas. Apesar da turma toda estar registrada nas fotos da formatura, bem poucos ainda vem à memória de Edevânio, a não ser as gêmeas Roseli e Rosangela, Álvaro, Carlos, Célio, Cesário, Rivelino e não podia faltar a Meire, a filha do dono do Posto. Talvez, por não ser comum a chegada de pessoas novas naquele Distrito, a princípio Edevânio não sentiu-se bem-vindo, mas depois ficou tudo bem.


Enquanto tudo se ajeitava na Escola, na plantação as coisas não iam nada bem. Naquele ano a região foi castigada por uma forte estiagem, não chovia há dias, então tinham que molhar pé por pé, para não perder a plantação. A chuva que castigou Apiúna e Região em 1983, agora estava fazendo falta na roça do Seu Antônio. Coitada da égua Boneca, pois era ela quem subia morro acima puxando uma Zorra com latões de água. A zorra é um veículo de tração animal parecido com uma pequena carroça sem rodas. Também estava incluído no arrendamento um cavalo velho chamado Moreno que não gostava muito de trabalhar, era lento e preguiçoso, foi com ele que o Edevânio aprendeu o sentido da expressão “cavalo negado”.


Certo dia, a Nina (Elenir) e o Vâni (Edevânio) subiram o morro como de costume, no fim da tarde para cortar baraço de batatas, (folhas do batateiral), para alimentar às criações (vaca, porco, etc.), depois de subir, tinham de descer pelo outro lado para chegar à plantação. Depois de cortar e preparar os feixes para voltar, eles viram o filho do vizinho armando uma arapuca no limite das terras arrendadas. Como não gostavam muito do tal menino chamado Clair, disseram-lhe para desarmar a arapuca e sair. Com a recusa do garoto em sair, Nina tomou a frente e “pregou a mão no ouvido”. Ele saiu chorando morro abaixo deixando a arapuca para trás. Os dois quebraram a arapuca, colocaram os feixes de baraço nas costas e foram pra casa. Eles caminhavam e riam, pois enquanto desciam, a Nina falava: __Precioso. O Vâni respondia imitando a risada do cachorro Precioso, do desenho animado “O Xodó da Vovó” produzido pela Hanna-Barbéra nos anos 80. Derrepente na metade do caminho eles avistaram a dona Luiza, que vinha com uma vara na mão e soltando fogo pelas ventas. Ela estava nervosa porque o menino que tinha sido expulso pelos dois, foi até sua casa e contou um monte de estórias. Como estavam demorando à voltar com o trato, ela foi ao encontro deles, e quando os encontrou foi logo segurando o Edevânio pelo braço e fez dar algumas voltas ao som de uma varinha cruel e resistente. A pior parte ficou com a Nina que teve de assistir primeiro o suplício do irmão sabendo que seria a próxima e assim aconteceu. A noite, os dois foram cedo para cama e ainda com marcas pelo corpo, a Nina baixinho sussurrava Preciosooo e o Edevânio dava a famosa risada do Precioso e dizia aí,aí,aí,aí!



Quer ouvir a risada Click na Imagem do Precioso.





CONTINUA...


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